Mas vamos falar de amor…

Desculpe-me ter que dizer isso, mas, meninas, seu príncipe encantado não virá. Nunca.  Se você ainda acredita que sim, pare de ler ou aceite de uma vez que o mundo não é um livro da Stephenie Meyer e que você é uma solteirona velha que sabe menos sobre amor do que uma menina de 14 anos.

As pessoas tem o costume de ver beleza e fofura em todos os filmes, livros, séries que assistem. Isso chegou ao ponto de comprarem “50 tons de cinza”, um livro que é puramente sexo, sem nenhum romance, nem mesmo uma história sólida e consistente, e dizer que achou o livro bonitinho. Elas postam fotos no Instagram (nova modinha da galera “pop”) junto ao livro como se estivessem segurando Shakespeare! Me irrita profundamente até um Kama Sutra disfarçado ser tido como um livro romântico.

O problema é que essa geração foi criada sobre fábulas de cavaleiros encantados, montados em cavalos magníficos, que vão salvar princesas de sua prisão horrível. E essas crianças que foram alimentadas com contos de fadas, tentam passar isso para a vida real, transformando suas vidas em uma espera incansável só para que seus príncipes venham salvá-las. Transformando qualquer um em bruxas malignas ou dragões terríveis, e qualquer romance em seu “felizes para sempre”.

A indústria cinematográfica, que quer lucrar, passa a produzir filmes com esse estilo. Como resultado, temos uma enxurrada de filmes pseudo-românticos com a mesma estrutura. As comédias românticas são um exemplo clássico disso, onde você pode distinguir os personagens básicos de contos de fadas, como vilão, mocinho e mocinha, de preferência apaixonados, e também ver o mesmo roteiro básico na maioria dos filmes. Tem gente que até confunde um e outro, de tão parecidos que são! Aí, essa geração que consumiu contos de fadas na infância e comédias românticas um pouco mais tarde, deixa-se levar e procura essas mesmas coisas no mundo real.

Só que a partir daí, ela deixa de ver tudo que prova que não existe “felizes para sempre”, como divórcios e brigas, e fica extremamente depressiva com o fim de um relacionamento. Se entope de remédios e outras drogas porque não consegue mais esperar por alguém que nem sabe quem é ou se realmente virá. As histórias nunca contam se príncipes deixaram as princesas apodrecerem no castelo, e isso é meio perturbante. Procurar e ver amor perfeito em toda parte é um escapismo para fugir desse medo, mas também uma fuga da realidade.

E é por isso, em parte, que vemos pessoas se iludindo cada vez mais falando de amor com as outras, não importando se existem coisas mais importantes no que pensar. Em todo lugar podemos ver pessoas desesperadas por encontrar esse sentimento, essa pessoa inexistente, e, para afastar o medo de não ser real, torna a realidade imaginária. O amor virou moda, e quem não segue a moda, é excluído do grupinho.

2 comentários em “Mas vamos falar de amor…

  1. Virou uma moda absurdamente ridicula. É comum que meninas descubram o “amor da vida” delas seis, sete vezes ao ano. Mais comum ainda é a marginalização que esse sentimento tão desconhecido e profundo sofreu por conta de diversas distorções e visões errôneas.

    • Concordo com você, tem pessoas que mudam de “amor da vida” a cada semana! Pra mim, os feriados como Dia dos Namorados foram muito importantes para a visão atual de amor.
      Obrigada por comentar,
      Até a próxima!

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