Capitães da Areia

Semana passada, terminei de ler Capitães da Areia, um romance de Jorge Amado que muitos conhecem por estar presente em lista de livros para vestibular, ou na leitura obrigatória para a escola. Esse clássico da literatura brasileira me impressionou, pois, diferentemente de alguns outros clássicos, não é uma leitura tão difícil e cansativa, apesar de tratar de temas sociais e filosóficos complexos como a vida de crianças abandonadas, pobreza e crenças.

O livro fala sobre um grupo de crianças abandonadas ou órfãs da Bahia, os Capitães da Areia, que vivem em um trapiche velho e abandonado. Eles vivem sob leis próprias, e roubam para sobrevivência. O conceito de liberdade é abordado como o bem maior, e questões como greves e banditismo (representado pela figura de lampião), seriam apenas formas de buscar a liberdade que os pobres merecem, mas que lhes foi roubada pelos ricos. Conversas dos meninos com pessoas diversas do livro, doqueiros, uma mãe de santo, um padre, entre outros, revelam que eles veem os ricos como culpados do sofrimento de todos os que são ou foram subjugados por eles, inclusive os próprios Capitães da Areia.

A organização dos capítulos é bem interessante, pois, em boa parte do livro, em cada capítulo há uma história, um conto, dos meninos abandonados ou de outros relacionados com eles. Isso faz com que não seja cansativo, pois não precisamos ficar horas lendo só para não perder o clima que ele lhe traz, podemos só ler um capítulo por vez e parar sem nos importar com a dificuldade de retomar o ambiente que havia antes.

Foi o primeiro clássico brasileiro que li inteiro, e recomendo a todos, especialmente como porta de entrada para outros clássicos ou livros do mesmo autor. É um ótimo livro, com uma história envolvente e crítica, e, com certeza, um dos melhores que já li.