Ruas seminuas

Caminhando nessas ruas seminuas
Apenas observo
A falsa transparência sobre tudo e todos
Engolida como mel
Regida pela beleza
Como uma monarquia da perfeição.
Colheradas e mais colheradas
 De futilidade venerada,
A onisciência que nada sabe,
É o que vejo em cada esquina.
Cada luz acesa é desligada
À noite, nem a lua brilha mais
A escuridão nos envolve e conforta.
Pra que ver o próximo passo,
Se ele será igual aos outros?
Nem um som.
Nem um grito.
Nem um pensamento.
Olho adiante, um desvio
Corro, não, apenas ando
Tenho medo de que haja luz.
Paro metros antes
Será? É minha última esperança.
Olho devagar, apenas um pouco.
Uma rua seminua, transparente
Tudo miseravelmente igual.

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