Teatralidade

Quem nunca fingiu ser outra pessoa? Ou quis imitar um forma de agir, seja por diversão ou para se sair melhor em um momento? O ser humano é teatral por natureza, desde o primeiro choro forçado para conseguir o que queria, ainda bebê. Atuar é necessário para conseguir viver bem, e o improviso é a base da vida.

Nossa vida se resume a uma composição de cenários com atores que se conhecem na hora e trocam a todo instante de lugar com a plateia. As peças vão se alternando e passamos a conhecer vários gêneros e situações estranhas que não conseguiríamos encarar sem teatralidade. Um ator que nunca muda não consegue acompanhar as mudanças bruscas de tema que continuam a acontecer. Para continuar, ele precisa atuar. Parafraseando Darwin, ou você se adapta, ou morre.

Mesmo que nos digam para sempre sermos nós mesmos e nunca mudarmos, milhares de vezes, esses conselhos continuam a ser horríveis. Não que você precise “perder a si mesmo”, mas tem horas em que a atuação não pode ser deixada de lado, assim como quando você não diz à sua chefe que ela está gorda (por mais que esteja) para continuar tendo emprego.

A arte de mentir e, principalmente, de não ser descoberto, também depende infinitamente de atuação. Uma palavra usada de forma errada, ou uma expressão, podem fazer tudo desandar. Todos amamos segredos alheios, então é melhor ser bom nisso.

E então, após entrarmos nesse palco, passando por várias peças improvisadas e figurinos mal desenhados, as luzes vão se acabando e os personagens vão sumindo. Seu teatro acabou. O que nos resta a fazer é torcer pelo final feliz e por aplausos da plateia.

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